Oito palavras que podem entrar para o Volp em 2025

Para professores que buscam manter o ensino da língua portuguesa sempre atual, acompanhar os neologismos e as novas palavras que surgem a cada dia é um desafio constante. Você já ouviu seus alunos falando “terrir” ou conhece alguém que sofre de “disania”? Em 2025, esses termos, junto com outros, estão na mira da Academia Brasileira de Letras para entrar no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp). Entender o que é o Volp, como ele é atualizado com novas palavras e qual a sua diferença fundamental para um dicionário é essencial para qualquer

O que é o Volp?

Na língua portuguesa, existe um instrumento essencial para o registro oficial das palavras: o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp). Publicado pela Academia Brasileira de Letras, ele determina a grafia correta das palavras reconhecidas oficialmente em nosso idioma. 

Imagine um grande catálogo que lista as palavras da língua portuguesa. Esse é o Volp. Ele não se aprofunda nos significados, como um dicionário, mas tem uma função primordial: ser a referência máxima para a ortografia. Ao consultar o Volp, você encontra a grafia exata de um termo, sua classe gramatical (se é um substantivo, adjetivo, verbo, etc.), o gênero (masculino ou feminino) e plurais irregulares.

Essa ferramenta é elaborada e mantida pelos estudiosos da Academia Brasileira de Letras, a instituição responsável por zelar pela língua portuguesa no Brasil. O Volp é um trabalho contínuo, que acompanha a evolução do idioma.

Quando a língua acompanha a cultura

O idioma é vivo, e essas possíveis novas inclusões mostram como a língua acompanha as transformações do mundo — do mercado de trabalho às redes sociais, da saúde mental aos debates sobre diversidade. De tempos em tempos, o vocabulário é atualizado para refletir as transformações culturais e sociais da sociedade. Em 2025, oito novas palavras estão sendo avaliadas para possível inclusão no Volp.

• Disania: Mais do que preguiça, a disania descreve uma angústia crônica e uma dificuldade paralisante de sair da cama. O termo nomeia um estado de exaustão matinal tão profundo que pode impedir uma pessoa de iniciar o dia, mesmo tendo dormido o suficiente.
• Terrir: Neologismo que une “terror” e “rir” para classificar obras, principalmente filmes, que misturam elementos de horror e comédia. O objetivo é provocar o medo e o riso ao mesmo tempo, usando o humor para satirizar clichês ou aliviar a tensão do gênero de terror.
• Pejotização: Termo do direito trabalhista que descreve a prática ilegal de contratar um funcionário como Pessoa Jurídica (PJ). O objetivo da empresa é mascarar uma relação de emprego real para fraudar a legislação e não pagar direitos trabalhistas.
• Cordonel: Termo técnico para um tipo de remendo autoadesivo, em formato de tira, usado para o conserto rápido de pneus furados. É uma solução prática e emergencial para vedar perfurações causadas por pregos e outros objetos.
• Microssono: Episódio de sono breve e involuntário, de poucos segundos, em que a pessoa se “desliga” do ambiente sem perceber. É um mecanismo de defesa do corpo contra a exaustão e uma das principais causas de acidentes de trânsito e trabalho.
• Reclínio: Refere-se ao ato ou efeito de se reclinar, ou seja, de inclinar o corpo para trás, apoiando-se em algo. É o substantivo que nomeia formalmente a ação de usar um assento reclinável, por exemplo, dando nome a um gesto cotidiano.
• Retrofitagem: Processo de modernização de edifícios antigos que preserva a fachada e a estrutura histórica, mas atualiza todos os sistemas internos (elétricos, hidráulicos, tecnológicos). O objetivo é adaptar a construção às normas atuais sem apagar seu valor original.
• Tokenização: Processo de segurança que substitui um dado sensível (como um número de cartão) por um código não sensível chamado “token”. Esse token é usado em transações online para proteger os dados reais, tornando-os inúteis para invasores em caso de vazamento.

Como uma palavra se torna oficial?

A Academia Brasileira de Letras não cria palavras nem autoriza ou proíbe seu uso. Como explicou o professor e acadêmico Ricardo Cavaliere, a ABL registra o que os falantes já consagraram. Para que um termo seja adicionado ao Volp, os lexicógrafos (os estudiosos que elaboram dicionários e vocabulários) analisam se a palavra atingiu um uso estável e amplo.

Os principais critérios para essa inclusão são:

• Uso frequente e abrangente: A palavra precisa aparecer com regularidade em diferentes contextos, como na imprensa, na literatura e em textos acadêmicos.
• Estabilidade do significado: Seu sentido deve ser compreendido de maneira consistente pela maioria dos falantes.
• Relevância cultural ou tecnológica: Muitos termos surgem para nomear novas realidades sociais, técnicas ou culturais.
• Adaptação ao português: No caso de estrangeirismos, observa-se como a palavra se ajusta às regras fonéticas e ortográficas do nosso idioma.

A inclusão de um novo termo no Volp leva em conta critérios como frequência de uso, relevância social e presença na mídia e na produção acadêmica. Se aceitas, as palavras passam a integrar oficialmente o vocabulário da língua portuguesa, sendo reconhecidas em documentos, provas e publicações.

Qual a diferença entre o Volp e um dicionário?

Essa é uma dúvida muito comum e importante de esclarecer. A principal diferença está no objetivo de cada um.

• Volp (Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa): Seu foco é atestar a existência de uma palavra na língua e oficializar sua grafia. Ele responde à pergunta: “Como se escreve esta palavra?”. Por exemplo, no Volp você confirma que o correto é “micro-ondas”, com hífen.
• Dicionário: Sua função é apresentar o significado ou as acepções de uma palavra. Ele responde à pergunta: “O que esta palavra significa?”. No dicionário, você encontraria a definição de micro-ondas: um forno que utiliza ondas eletromagnéticas para aquecer alimentos.

Portanto, enquanto o Volp é normativo no campo da ortografia, o dicionário é descritivo no campo do sentido. Ambos são ferramentas complementares e indispensáveis para quem preza pelo uso correto e consciente da língua portuguesa.

Acesse o Volp neste link.