7 de Setembro celebramos o Dia da Independência do Brasil. Entre mitos e lendas, existe a História. Para conhecer a fundo esse episódio tão importante do nosso país, selecionamos cinco dicas de leituras que vão ajudar você a mergulhar no que está por trás do grito dado por Dom Pedro I nas margens do Ipiranga.
Ser republicano no Brasil colônia – Heloisa Murgel Starling
Este ensaio aborda o desenvolvimento das ideias republicanas no Brasil Colonial e a formação da cidadania antes da Independência. Examina as conspirações em várias regiões em contraste com a República instaurada em 1889, que foi oligárquica e excludente. Também destaca as palavras de frei Vicente do Salvador em 1630 sobre a falta de republicanos verdadeiros no Brasil. O ensaio explora a influência das ideias republicanas estrangeiras e como elas foram suprimidas pelo Império e pelo regime de 1889.
1822 – Laurentino Gomes
Em 1822, Laurentino Gomes investiga diferentes relatos relacionados ao dia 7 de Setembro e à proclamação da independência do Brasil. A realidade desse momento crucial foi, na verdade, bem menos grandiosa do que aquilo que a famosa pintura “Independência ou Morte”, de Pedro Américo, retrata. Além de desmitificar o episódio no Ipiranga, o autor explora como Dom Pedro conseguiu, apesar de inúmeras adversidades, transformar o Brasil em uma nação, na esteira das mudanças desencadeadas pela chegada da família real portuguesa em 1808. O livro analisa como eventos como as Guerras Napoleônicas, a Revolução Francesa e a independência dos Estados Unidos, entre outros, criaram um contexto propício para a formação de uma nova nação nos trópicos.
Independência: a história não contada – Paulo Rezzutti
Paulo Rezzutti, conhecido por suas biografias de d. Pedro I e d. Leopoldina, agora coloca a Independência do Brasil como protagonista em seu novo livro Independência: a construção do Brasil (1500-1825). O autor desvenda a história a partir de diferentes perspectivas, começando em 1500 com a chegada de Pedro Álvares Cabral, mostrando como o Brasil já era habitado por povos nativos independentes. Ele explora as ideias de liberdade que surgiram ao longo dos séculos, culminando na Independência de 1822, não apenas como um ato de D. Pedro, mas como resultado de um processo complexo que envolveu o povo brasileiro. O livro oferece uma visão da construção da identidade nacional brasileira, indo além dos feitos das elites e dos poderosos, inserindo a história do povo comum na narrativa.
Dicionário da Independência: 200 anos em 200 verbetes – Eduardo Bueno
Apresenta-se aqui uma abordagem singular, direta e cativante para a exploração e apreciação da história: um dicionário. Neste dicionário comemorativo dos 200 anos da Independência do Brasil, você encontrará 200 verbetes que retratam vividamente esse evento histórico de grande relevância. Palavras e acontecimentos entrelaçam-se, formando uma espécie de desfile no qual nada permanece estático. Este livro é simultaneamente acessível e intrigante, uma vez que a história geralmente não é apresentada sob essa perspectiva. No entanto, contar a história dessa maneira é justificável, uma vez que, no final das contas, o tumultuado processo que culminou na separação do Brasil de Portugal foi moldado por ações, mas concretizado por meio de palavras. Duas palavras particularmente impactantes ainda ressoam com toda a sua força: “Independência ou morte!”.
O sequestro da Independência – Carlos Lima Junior, Lilia Moritz Schwarcz, Lúcia Klück Stumpf
A independência política do Brasil foi o resultado de um extenso e complexo processo que se desenrolou em diversas regiões do país, envolvendo uma variedade de atores. No entanto, esses eventos muitas vezes foram obscurecidos pela história oficial, que tende a enfatizar uma narrativa eurocêntrica, pacífica, centrada no papel masculino e na unificação do país, com o Sete de Setembro como seu mito fundador.
Partindo de uma rica coleção de imagens, com destaque para o famoso quadro de Pedro Américo que representa o “Grito do Ipiranga”, os autores Lilia Moritz Schwarcz, Lúcia Klück Stumpf e Carlos Lima Junior exploram a complexa formação da identidade nacional brasileira. Eles examinam como o motivo retratado na obra de Américo se transformou em um símbolo do rompimento com a Coroa portuguesa.
Este livro aborda uma ampla gama de momentos históricos, desde as tensões do Segundo Reinado até as rivalidades entre Rio de Janeiro e São Paulo, passando pela ditadura militar e chegando ao governo bolsonarista. Destaca-se o percurso histórico que contribuiu para marginalizar outras narrativas possíveis sobre a Independência, identificando o que os autores denominam de “uma política de sequestros”, que teve origem no Sudeste, com os paulistas, e posteriormente envolveu os militares.