Censo da educação 2022: avanços, desafios e desigualdades no Brasil

26 de fevereiro de 2025

Censo da educação 2022: avanços, desafios e desigualdades no Brasil

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O Censo Demográfico 2022, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apresentou uma radiografia detalhada da educação no Brasil, abordando desde o nível de instrução da população até a frequência escolar nas diferentes faixas etárias. Embora o levantamento aponte avanços significativos nos últimos 22 anos, as desigualdades regionais, sociais e raciais ainda persistem, destacando desafios importantes para o futuro da educação no país.

1. Panorama geral da educação no Brasil

Em 2022, o nível de instrução da população brasileira estava dividido da seguinte forma:

  • Sem instrução e fundamental incompleto: 35,2%
  • Fundamental completo e médio incompleto: 14%
  • Médio completo e superior incompleto: 32,3%
  • Superior completo: 18,4%

A proporção de pessoas com ensino superior completo quase triplicou nas últimas duas décadas, passando de 6,8% em 2000 para 18,4% em 2022. No mesmo período, o percentual de pessoas sem instrução ou sem concluir o ensino fundamental caiu de 63,2% para 35,2%.

Esse avanço pode ser atribuído a uma combinação de fatores, como a expansão da oferta de ensino superior, tanto público quanto privado, e políticas públicas de financiamento e bolsas de estudo. Segundo Bruno Mandelli Perez, analista do IBGE, “a expansão da própria rede pública, inclusive em regiões do interior do Norte e Nordeste, bem como o crescimento do setor privado e a aplicação de políticas de financiamento, contribuíram para a inclusão educacional de parcelas mais vulneráveis da população”.

2. Desigualdades raciais na educação

Apesar dos avanços, as desigualdades raciais ainda são um desafio evidente. Entre os principais dados:

  • População preta: A proporção com ensino superior completo cresceu de 2,1% em 2000 para 11,7% em 2022, um aumento de 5,8 vezes.
  • População parda: O percentual subiu de 2,4% para 12,3%, um crescimento de 5,2 vezes.
  • População branca: O índice evoluiu de 9,9% para 25,8%, um aumento de 2,6 vezes.

Embora a diferença entre brancos e pretos/pardos tenha diminuído, a população branca ainda apresenta mais que o dobro de pessoas com ensino superior completo em relação aos outros grupos. A população de cor ou raça amarela destaca-se com o maior percentual de ensino superior completo (44,1%) e o menor número de pessoas sem instrução ou com fundamental incompleto (17,6%). Por outro lado, a população indígena possui o menor nível de instrução: apenas 8,6% têm nível superior completo, enquanto 51,8% não possuem instrução ou têm apenas o ensino fundamental incompleto.

3. Desigualdades regionais na educaçãoAs desigualdades regionais também impactam o nível de instrução da população. Em 2022:

  • Distrito Federal: A maior proporção de pessoas com ensino superior completo (37%).
  • Maranhão: A menor proporção (11,1%).

Entre as cidades com mais de 100 mil habitantes, São Caetano do Sul (SP) apresenta o maior índice (48,2%), enquanto Belford Roxo (RJ) registra apenas 5,7%. Outras cidades nas periferias de regiões metropolitanas, como Queimados (RJ) e São João de Meriti (RJ), também apresentam baixos índices de escolaridade.

Além disso, o Nordeste (13%) e o Norte (14,4%) têm os menores índices regionais de pessoas com diploma universitário, enquanto o Sul (20,2%), o Sudeste (21%) e o Centro-Oeste (21,8%) superam a média nacional (18,4%).

4. Gênero e educação: mulheres superam os homens

Os dados do Censo 2022 revelam que as mulheres têm um nível de instrução superior ao dos homens:

  • Mulheres com ensino superior completo: 20,7%
  • Homens com ensino superior completo: 15,8%

A proporção da população sem instrução e com fundamental incompleto também é menor entre as mulheres (33,4%) do que entre os homens (37,3%). Esses números reforçam a importância das políticas educacionais voltadas para a equidade de gênero e o incentivo à continuidade dos estudos entre os homens, especialmente nas regiões mais vulneráveis.

5. Frequência escolar e as metas do Plano Nacional de Educação

A frequência escolar no Brasil apresentou crescimento na maioria das faixas etárias, com destaque para:

  • Crianças de 0 a 3 anos: A taxa de frequência escolar bruta passou de 9,4% em 2000 para 33,9% em 2022.
  • Crianças de 4 a 5 anos: Frequência subiu de 51,4% para 86,7%.
  • Faixa de 6 a 14 anos: Próxima da universalização, a taxa foi de 98,3%.
  • Jovens de 15 a 17 anos: Frequência de 85,3%.

Entretanto, a frequência escolar de jovens de 18 a 24 anos caiu de 31,3% para 27,7%, o que pode ser atribuído à redução da presença desse grupo no ensino médio ou em níveis anteriores. A meta do Plano Nacional de Educação (PNE) é atingir 50% de frequência na faixa de 0 a 3 anos e 100% na faixa de 4 a 5 anos, o que ainda não foi alcançado.

6. Desafios e perspectivas para o futuro da educação

Os resultados do Censo 2022 deixam claro que, embora o Brasil tenha avançado significativamente na educação, ainda existem barreiras importantes a serem superadas. As desigualdades raciais e regionais, a baixa escolaridade da população indígena e os desafios na universalização da educação infantil são pontos críticos.

Para além das políticas de acesso ao ensino superior, é fundamental investir na qualidade da educação básica e no fortalecimento da educação infantil, especialmente nas regiões Norte e Nordeste. Além disso, é necessário criar estratégias específicas para a permanência dos jovens na escola, garantindo que a evasão escolar seja reduzida e que mais brasileiros possam concluir o ensino superior.

O Censo 2022 reforça a importância da educação como instrumento de transformação social e econômica, evidenciando que somente com investimentos contínuos e políticas públicas eficazes será possível construir um país mais justo e igualitário para todos os brasileiros.

Fonte: IBGE

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