9 de abril de 2025

Censo Escolar 2024: veja avanços e desafios da Educação Básica no Brasil

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O Censo Escolar 2024, divulgado pelo Ministério da Educação (MEC) e pelo Inep, traz dados fundamentais para professores, gestores escolares e profissionais da educação básica que desejam compreender os rumos da escola pública no Brasil. A pesquisa — a mais abrangente da área — revela avanços no ensino médio, com aumento de matrículas e crescimento expressivo do ensino integral. Em contrapartida, aponta estagnação ou queda nas etapas da educação infantil, ensino fundamental e EJA, destacando a urgência de políticas públicas voltadas à permanência escolar e à qualidade do ensino.

Educação Infantil

A educação infantil é a porta de entrada das crianças no sistema educacional, formada pelas etapas de creche (0 a 3 anos) e pré-escola (4 e 5 anos). O Censo Escolar 2024 revela que, embora as creches tenham apresentado crescimento, as matrículas na pré-escola ficaram estagnadas. O dado acende um alerta, já que a Constituição Federal estabelece que a pré-escola deve ser universalizada. A estagnação frustra expectativas de recuperação após o período de retração causado pela pandemia de Covid-19. Mesmo com o aumento na cobertura das creches, o país ainda está distante das metas estabelecidas no Plano Nacional de Educação (PNE).

Principais dados:

Matrículas em creches subiram de 3,41 milhões em 2021 para 4,38 milhões em 2024.
38,7% das crianças de até 3 anos estão matriculadas em creches (meta é 50% até 2024).
33,1% das crianças frequentam creches privadas, das quais 52% são conveniadas ao poder público.
99,8% das creches públicas pertencem às redes municipais.
Matrículas na pré-escola ficaram praticamente estáveis: 5,31 milhões (2023) → 5,30 milhões (2024).
Queda nas matrículas em estados como Piauí (-3,3%) e DF (-2,4%); crescimento em Roraima (+4,6%) e Amapá (+4,9%).

Ensino Fundamental

O ensino fundamental, que abrange estudantes dos 6 aos 14 anos, concentra a maior parte das matrículas da educação básica. Ainda assim, a etapa apresentou uma redução contínua nos últimos anos, com destaque para os anos finais (do 6º ao 9º ano). Especialistas apontam que os desafios envolvem desde os impactos da pandemia na aprendizagem até a falta de políticas públicas consistentes de permanência escolar. Além disso, há sobrecarga docente e dificuldades na transição entre os anos iniciais e finais, o que contribui para a evasão e desengajamento dos alunos.

Principais dados:

Total de 26 milhões de alunos matriculados no ensino fundamental.
Queda de 2,7% nas matrículas desde 2020.
Redução de 3,6% nos anos finais (6º ao 9º ano) e 2% nos anos iniciais (1º ao 5º ano).
A rede privada cresceu: +2,2% nos anos iniciais e +1% nos anos finais (2023–2024).
Principais causas segundo especialistas: defasagem de aprendizagem, baixo investimento em políticas como o “Escola das Adolescências”, e alta carga de trabalho dos professores.

Ensino Médio

O ensino médio foi o grande destaque positivo do Censo Escolar 2024. Pela primeira vez desde 2018, a etapa apresentou um aumento significativo nas matrículas, tanto na rede pública quanto privada. O crescimento está diretamente relacionado à ampliação do ensino em tempo integral e à implementação de políticas como o programa Pé-de-Meia, que oferece auxílio financeiro aos estudantes. Ainda que os números mostrem avanço, especialistas alertam que é necessário garantir a qualidade da aprendizagem, não apenas o acesso. Com jornada estendida e mais investimentos, o ensino médio começa a dar sinais de recuperação.

Principais dados:

Crescimento de 1,5% nas matrículas, totalizando 7,8 milhões de alunos.
Ensino médio integral cresceu 12%: 163 mil novos alunos.
23,1% dos alunos da rede pública estão em tempo integral (meta do PNE é 25%).
83,1% das matrículas estão na rede estadual.
Rede privada responde por 13,2% e a federal por 3,1% das matrículas.
94,5% dos alunos frequentam escolas urbanas.
82,5% estudam no turno diurno; 17,5% no turno noturno.
42,2% das escolas de ensino médio atendem mais de 500 alunos.

Educação de Jovens e Adultos (EJA)

A Educação de Jovens e Adultos (EJA) tem o papel essencial de garantir o direito à educação para quem não teve acesso ou permanência na idade adequada. No entanto, os dados do Censo 2024 confirmam a tendência de queda nas matrículas dessa modalidade, que se estende desde 2018. O número de estudantes caiu, e a procura pela certificação por meio do Encceja tem aumentado. Isso revela a urgência de fortalecer as políticas de incentivo à permanência na EJA, ampliar a oferta de vagas e garantir condições adequadas para que jovens e adultos possam retomar seus estudos com dignidade e qualidade.

Principais dados:

2,4 milhões de alunos matriculados na EJA em 2024.
2,2 milhões estão na rede pública; 200 mil, na rede privada.
O Encceja, exame do Inep, é uma alternativa cada vez mais usada para obtenção de certificado do ensino fundamental ou médio.
A modalidade segue em queda desde 2018, com poucos sinais de reversão.

Professores e diretores: crescimento e qualificação

Além dos dados sobre estudantes, o Censo Escolar 2024 também apresentou um panorama sobre os profissionais da educação básica. O número de professores atingiu um recorde, e a relação aluno/professor melhorou em muitas redes, o que pode impactar positivamente o processo de ensino e aprendizagem. A direção escolar também se destaca pela alta qualificação e presença feminina.

Principais dados:

2,4 milhões de professores na educação básica.
163.987 diretores escolares.
91,5% dos diretores têm ensino superior.
80,6% dos diretores são mulheres.

O que é o Censo Escolar?

Coordenado pelo Inep e realizado com apoio das secretarias municipais e estaduais, o Censo Escolar é o principal levantamento de dados da educação básica brasileira. Ele subsidia políticas públicas, orienta o repasse de recursos federais e serve de base para indicadores como o Ideb, fluxo escolar, rendimento e distorção idade-série. Os dados também orientam o monitoramento das metas do Plano Nacional de Educação (PNE).

Em resumo:

👶 Educação Infantil: crescimento nas creches; estagnação na pré-escola.
📚 Ensino Fundamental: queda contínua nas matrículas, com destaque negativo para os anos finais.
🎓 Ensino Médio: aumento de matrículas e avanço do tempo integral (quase 25%).
📖 EJA: queda nas matrículas; Encceja ganha protagonismo.
👩‍🏫 Docentes: número recorde de professores e diretores com alta qualificação.