O perigo vem pelo ar O simples respirar é um risco Estamos em suspenso Atônitos Parados
Se antes ofegantes pelos tempos sombrios da política, agora interrompemos a inspiração Nosso ofício marcado pelo encontro de pessoas parou
Artistas isolados Os primeiros a parar Sem saber quando poderemos voltar
Nossos palcos cobertos de poeira Refletores no escuro Exposições com quadros no chão Músicos sem plateia Picadeiros sem graça Sapatilhas na gaveta Livros inéditos Câmeras desligadas
Registramos nosso momento em imagens e textos. Criamos, sim, dentro dos limites deste novo normal que ainda não imaginamos nem nas distopias mais futuristas.
Um rascunho Um ensaio aberto Um improviso
Um respiro mediado por telas digitais e máscaras
Arte parada no ar Um retrato e um desabafo de criadores que resistem
A arte parada no ar é um manifesto em construção. Nossa inspiração vem do texto “Um grito parado no ar”, de Gianfrancesco Guarnieri. A peça estreou em 1973 em Curitiba, com direção de Fernando Peixoto. A obra driblou a vigilância da ditadura de então ao usar de uma linguagem metafórica para discutir os problemas sociais. O drama fala sobre as dificuldades de se fazer arte em um tempo de repressão.
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