24 de setembro de 2025

Censo 2024: EaD ultrapassa ensino presencial pela primeira vez na história da educação superior no Brasil

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Com 11 anos de história e sediada em Curitiba, um polo de inovação, o Grupo Prosa Nova vê os dados do Censo da Educação Superior 2024 como a consolidação de um futuro que ajudamos a construir. Para nós, que já desenvolvemos milhares de horas de conteúdo EAD para projetos de impacto nacional com clientes como a UNESCO e a Fiocruz, a notícia de que a Educação a Distância (EAD) superou o ensino presencial não é uma surpresa, mas a confirmação de uma tendência para a qual oferecemos soluções robustas. Este marco histórico valida o poder da tecnologia como ferramenta de acesso ao conhecimento, um movimento que nossa expertise em Educação e tecnologia impulsiona, transformando a sala de aula e preparando o caminho que os estudantes irão trilhar.

Para professores e gestores da educação básica, observar as tendências do ensino superior é fundamental para compreender o futuro da sala de aula e os caminhos que seus alunos poderão trilhar. Uma transformação histórica acaba de ser confirmada pelo Censo da Educação Superior 2024: pela primeira vez, a Educação a Distância (EaD) se tornou a principal modalidade de graduação no país. Este marco não apenas aponta para uma mudança no perfil do estudante universitário, mas também sinaliza o crescente papel da tecnologia como ferramenta de acesso e flexibilização do conhecimento, um movimento que reverbera em todos os níveis de ensino.

O que os números do Censo da Educação revelam?

Divulgado em 22 de setembro de 2025 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o Censo da Educação Superior 2024 é o mais completo levantamento sobre este nível de ensino no Brasil. Os dados mostram que o país atingiu a marca de 10.226.873 estudantes matriculados em cursos de graduação.

Dentro deste universo, a grande notícia foi a consolidação da Educação a Distância. A modalidade EaD agora representa 50,7% do total de matrículas, superando a modalidade presencial. Isso significa que, de cada dez universitários no Brasil, mais de cinco estudam de forma remota, utilizando plataformas digitais e ambientes virtuais de aprendizagem.

O crescimento do EaD

Em 2024, a modalidade a distância consolidou-se como a principal forma de acesso à educação superior no país.

1. Matrículas em Números Absolutos

Pela primeira vez na série histórica, o número de estudantes matriculados em cursos EaD superou o presencial.

Matrículas EaD: 5.189.391 estudantes.

Matrículas Presenciais: 5.037.482 estudantes.

O total de matrículas na modalidade EaD corresponde a 50,7% do total de matrículas de graduação no país.

2. Crescimento Exponencial e Desaceleração

A trajetória da EaD contrasta dramaticamente com a modalidade tradicional:

Crescimento Decenal (2014 a 2024): As matrículas a distância aumentaram 286,7% no período. Em contrapartida, os cursos presenciais registraram uma queda de 22,3% nas matrículas.

Variação Anual (2023 a 2024): O aumento nas matrículas EaD foi de 5,6%, enquanto o número de matrículas presenciais diminuiu 0,5%.

Ingressantes: A preferência pelo ensino remoto se consolidou. Em 2024, 67% dos novos alunos optaram pelo EaD (3,34 milhões), enquanto 33% escolheram o presencial (1,66 milhão). Entre 2014 e 2024, o número de ingressos nos cursos a distância aumentou 360,0%, enquanto nos presenciais houve uma queda de 30,2%.

O Inep notou que o ritmo de crescimento da EaD está desacelerando, passando de 13,4% para 5,6%. Esta variação é atribuída a fatores pós-pandemia e às novas regras do Ministério da Educação (MEC), que criaram a categoria semipresencial e vetaram o EaD em carreiras que exigem grande carga prática, como Medicina, Direito, Odontologia, Enfermagem e Psicologia.

Matrículas por Grau Acadêmico: A Predominância do EaD em Licenciaturas e Tecnológicos

O Censo 2024 destacou que o EaD domina a oferta em áreas específicas, sinalizando uma forte migração:

Cursos Tecnológicos: Representam 20,2% do total de matrículas de graduação. 82,6% das matrículas nesses cursos já são a distância, percentuais que estavam invertidos em 2014. O aumento das matrículas EaD no grau tecnológico cresceu 341,3% entre 2014 e 2024.

Licenciaturas: Representam 16,9% do total de matrículas. 68,5% das matrículas nesses cursos são a distância. Apenas 31,5% das matrículas em licenciaturas são presenciais. O Bacharelado continua concentrando a maior parte das matrículas totais.

Os Cursos Mais Procurados e a Distribuição por Modalidade

O Brasil ofertava 11.297 opções de cursos superiores em 2024. Entre os 10 cursos de graduação com maior número de estudantes matriculados no país:

PosiçãoCursoNº de Matrículas em 2024Liderança na Modalidade
1Pedagogia887.695Mais estudantes na EaD
2Administração653.126Mais estudantes na EaD
3Direito652.996Mais estudantes no Presencial
4Enfermagem478.008
5Sistemas de Informação420.479Mais estudantes na EaD
6Psicologia375.574Mais estudantes no Presencial
7Contabilidade322.837
8Educação Física303.939
9Medicina283.594Mais estudantes no Presencial
10Fisioterapia227.223

Qualidade e Desafios: O Preço da Expansão

Apesar do sucesso em ampliar o acesso, a expansão do EaD levanta questões sobre a qualidade e a retenção de alunos, especialmente na rede privada, onde a modalidade está concentrada.

1. Concentração na Rede Privada

O avanço da EaD é majoritariamente um fenômeno do setor privado:

95,9% das matrículas em cursos a distância se concentram na rede privada.

• A rede privada detém 79,8% do total de matrículas de graduação no país.

• A expansão da EaD favoreceu grandes grupos privados. A EaD está massivamente concentrada em IES com sede em quatro estados (Paraná, São Paulo, Santa Catarina e Rio de Janeiro), que reúnem 88% da matrícula a distância.

2. Evasão Acima da Média

A taxa de evasão (aluno não vinculado em qualquer curso no ano subsequente) na modalidade EaD é significativamente maior do que no presencial:

Taxa de Evasão na EaD (2023-2024): 24,1%.

Taxa de Evasão no Presencial (2023-2024): 9,5%.

• A evasão na rede privada (19,9%) é muito superior à taxa da rede pública (8,0%).

Em um acompanhamento da trajetória dos estudantes ingressantes em 2015, após 10 anos de curso (coorte 2015-2024), a Taxa de Desistência Acumulada na modalidade EaD é de 65%, enquanto no presencial é de 47%.

3. Razão Aluno-Docente e Qualificação do Corpo Docente

A disparidade mais crítica na EaD se manifesta na Razão Aluno-Docente, especialmente na rede privada:

RedeModalidadeRazão Aluno-Docente em 2024
PrivadaEaD170 alunos por docente
PrivadaPresencial53 alunos por docente
PúblicaEaD10 alunos por docente
PúblicaPresencial12 alunos por docente

Em relação à formação:

• A maioria dos docentes de cursos presenciais é composta por Doutores (63,7%).

• Na modalidade EaD, a maior parte é de Mestres (46,0%).

Regulação e Perspectivas Futuras

Diante da expansão e dos desafios de qualidade, o Inep e o MEC reforçaram o arcabouço de avaliação e regulação. O presidente do Inep, Manuel Palacios, destacou que 2025 marcou um avanço na avaliação com a realização inédita de dois exames:

1. Exame Nacional de Avaliação da Formação Médica (Enamed).

2. Prova Nacional Docente (PND).

A partir de 2026, as condições de oferta de todos os cursos passarão a ser avaliadas anualmente. Além disso, haverá a análise de polos presenciais, inicialmente por meio de estratégias amostrais. O Censo da Educação Superior, juntamente com essas novas iniciativas, compõe o arcabouço fundamental para a regulação e avaliação da qualidade da educação superior no Brasil.

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