Conheça os 10 vencedores do Prêmio Biblioteca Nacional 2023

6 de novembro de 2023

Conheça os 10 vencedores do Prêmio Biblioteca Nacional 2023

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O Prêmio Biblioteca Nacional anunciou no começo deste mês os vencedores da edição 2023 da premiação, considerada uma das mais importantes do Brasil. A edição deste ano abrange obras lançadas no período de 1º de maio de 2022 a 30 de abril de 2023. É encorajador ver que o prêmio busca promover a bibliodiversidade, garantindo que diferentes editoras e autores tenham a oportunidade de serem reconhecidos.

Os pedidos de reconsideração para o prêmio podem ser feitos entre os dias 6 e 10 de novembro, com o resultado final programado para ser publicado no Diário Oficial em 21 de novembro. Cada um dos vencedores receberá uma quantia de R$ 30 mil como parte do prêmio. É uma excelente iniciativa para incentivar a produção literária e valorizar os talentos literários do Brasil.

Abaixo você encontra a lista os primeiros lugares de cada uma das dez categorias.

Categoria Conto

Desmoronamentos, de Micheliny Verunschk

Coletânea de 16 narrativas breves em que as protagonistas, mulheres, compartilham suas histórias a partir das ruínas que caracterizam as cidades brasileiras, ou até mesmo a partir do genocídio que resulta do contínuo e duradouro projeto de destruição do nosso país, algo que não é novo, mas que ganhou sua forma estética perfeita no contexto governamental atual. Este é o primeiro volume da ‘coleção só prosa’ da ‘série brasileira’ pela Martelo Casa Editorial, e estamos entusiasmados em apresentar um pouco do melhor da prosa brasileira. Este livro não só marca nossa estreia neste gênero literário, mas também a estreia da autora no mundo da narrativa breve de ficção.

Categoria Ensaio Literário

A ideologia modernista: A Semana de 22 e sua consagração, de Luís Augusto Fischer

O livro convida a uma reinterpretação do impacto da Semana de 1922 no contexto artístico e ideológico do Brasil. Com uma combinação equilibrada de conhecimento erudito e humor, uma perspicaz capacidade de interpretação e uma fluente argumentação, o autor desmistifica concepções equivocadas relacionadas a figuras como Mário e Oswald, bem como aos demais participantes de um dos eventos culturais do século XX que mais influência exerceu (ou não?). Além disso, proporciona uma instrutiva exploração das diferentes perspectivas historiográficas que acompanharam a Semana ao longo dos últimos cem anos.

Categoria Ensaio Social

Arrabalde: Em busca da Amazônia, de João Moreira Salles

A região amazônica é responsável por cerca de 20% da água doce global e abriga aproximadamente 16 mil espécies de árvores. Como a maior floresta tropical do mundo, ainda guarda enigmas que despertam o interesse de pesquisadores e leigos. Ao examinar a maneira como o território tem sido ocupado desde a década de 1960, João Moreira Salles destaca a ausência de curiosidade e empatia que têm norteado os modelos de exploração dessa região, levando à devastação e à submissão à lógica das economias baseadas na extração de recursos.

Categoria Histórias da Tradição Oral

Jenipapos – Diálogos sobre viver, de Isabella Rosado Nunes

O livro “Jenipapos – Diálogos Sobre Viver” enaltece a cultura dos povos originários e reconhece que esse conhecimento é uma parte essencial de nosso imaginário e de nossa identidade como brasileiros. Essa coletânea de textos surgiu a partir de uma série de encontros promovidos pelo Itaú Social.

A obra foi organizada por um grupo diverso de indivíduos, incluindo Daniel Munduruku, Darlene Yaminalo, Taukane, Isabella Rosado Nunes e Mauricio Negro. Além disso, contou com a participação de destacados nomes como Alik Wunder, Allan da Rosa, Beleni Grando, Bruno Kaingang, Conceição Evaristo, Cristine Takuá, Dona Liça Pataxoop, Dona Vanda Pajé, Edson Kayapó, Eliane Potiguara, Trudruá Dorrico e Yaguarê Yamã.

Categoria Literatura Juvenil

Meu amigo Pedro, de Tadeu Sarmento

No ano de 1841, um dia antes de sua coroação como imperador do Brasil, com apenas catorze anos de idade, Dom Pedro II decide fugir do palácio em companhia de Gato, seu amigo leal e filho do sapateiro real. Eles exploram as ruas e praias da cidade do Rio de Janeiro do século XIX, permitindo que o jovem imperador vivencie seu único dia como uma criança comum. Em “Meu amigo Pedro”, Tadeu Sarmento convida os leitores a reimaginarem a História e a contemplarem um tema recorrente em todos os seus livros para jovens: o direito de todas as crianças a desfrutarem de sua própria infância.

Categoria Literatura Infantil

Amanhã, de Lúcia Hiratsuka

Este livro é composto por três narrativas entrelaçadas, todas inspiradas em lembranças de infância. A primeira delas resgata as memórias da autora, transportando-nos para o ambiente rural em que cresceu e descrevendo sua jornada até a escola. A paisagem ao longo do caminho, com suas diversas nuances de luz, nos conduz a algum recanto no interior do país, convidando os leitores a acompanharem essa trajetória.

A segunda narrativa se desenrola no Brasil durante a Segunda Guerra Mundial, quando o governo brasileiro proibiu o uso da língua japonesa, fechou escolas, restringiu a circulação de periódicos e limitou a liberdade de viagem dos imigrantes e seus descendentes. Nesse contexto, somos apresentados a Sayuri, e acompanhamos sua determinação em continuar estudando apesar das proibições.

Por fim, a terceira narrativa nos apresenta o relato de Orie, uma imigrante japonesa, cuja infância no Japão serve como inspiração. Suas memórias são ricas em detalhes e oferecem um vislumbre da cultura japonesa.

Categoria Poesia

Harsíese, de Jacyntho Lins Brandão

Harsíese foi o nome de um destacado funcionário egípcio, cuja múmia acabou sendo consumida pelas chamas no incêndio do Museu Nacional. É sob a influência desse personagem que se situa o novo livro de Jacyntho Lins Brandão, que, de maneira apropriada, foca-se na temática da dissolução. Essa temática é evidente desde o primeiro poema, onde “letras somem […] na tela do comput a dor sem cor”, até o poema final, que revisita a jornada de Ulisses a Ítaca, concluindo que, no fim das contas, a mítica ilha se torna apenas “um vestígio perdido no meio do mar”.

Através da recriação paródica de obras clássicas de autores como Camões, Tomaz Antônio Gonzaga e Alphonsus de Guimaraens, da degradação silábica das palavras e da sobreposição de significantes aos significados para criar interpretações multifacetadas, esses textos se imergem na linguagem de uma autêntica “dialética disléxica”. No entanto, a desconstrução não conduz a um pessimismo, pelo contrário, ela leva a uma revalorização do mundo, celebrando a memória, os sentidos e a vida, através do próprio ato poético.

Categoria Projeto Gráfico

Sonetos de birosca e poemas de terreiro, de Luiz Antonio Simas

Em seu primeiro volume de poesia, Luiz Antonio Simas consolida sua posição como um dos mais talentosos e versáteis narradores de histórias em atividade no Brasil. Esta obra reúne uma variedade de relatos e curiosidades da vida popular, apresentados em forma de versos. Possuidor de um conhecimento singular das culturas que moldam a identidade do povo brasileiro, e atento às nuances da macumba e do catolicismo, Simas cria sonetos e poemas em verso livre que refletem sua curiosidade inquisitiva e seu senso de humor, enquanto exploram os limites entre lirismo, comédia e fé.

Como amante dos bares, botequins e tavernas, e alguém que respeita os rituais e mistérios, frequentador das mesas de jogo do bicho e dos jogos de futebol no Maracanã, a sabedoria de Simas é enriquecida com generosas porções de cachaça e chope bem tirado, acompanhadas das mais saborosas iguarias servidas pelas mãos habilidosas dos melhores garçons. A harmonia é perfeita e, dentro desse universo, tudo encontra seu lugar.Reg

Categoria Romance

Penélope dos trópicos, de Luciana Hidalgo

Penélope percorre diariamente uma praia tropical, desbravando o caminho entre gaivotas e seres humanos. Ela observa com estranheza a humanidade ao seu redor e a agitação dos movimentos de extrema direita, mas não se deixa intimidar. Aos 30 anos, essa arquiteta inquieta enfrenta os absurdos de sua época com inteligência, coragem e humor. Participa de manifestações contra neofascistas e confronta a polícia quando necessário, cria projetos utópicos para combater a desigualdade social e busca o amor (esse enigma) por meio de aplicativos de encontros em seu celular.

Luciana Hidalgo, duas vezes premiada com o Jabuti, se inspira na icônica personagem da “Odisseia” de Homero para dar vida à sua Penélope dos trópicos. Esta protagonista é forte e cativante, habilidosa em lidar com todas as questões relacionadas à feminilidade, ao feminismo, à política e à existência na era pós-moderna. Neste épico íntimo e divertido, Penélope é a heroína, sempre pronta a recorrer aos deuses e aos mitos gregos em sua busca incessante por uma compreensão mais profunda de si mesma.

Categoria Tradução

Sátántangó, de László Krasznahorkai (Trad.: Paulo Schiller)

Lançado na Hungria em 1985, “Sátántangó” é um romance de proporções monumentais. A história gira em torno da chegada de um homem enigmático, que pode ser visto como um profeta, um charlatão ou até mesmo o próprio demônio, a uma aldeia húngara incessantemente castigada pela chuva. Os habitantes desse local, um grupo de desajustados e almas enlouquecidas, incluindo camponeses desgarrados, um médico alcoólatra que observa seus vizinhos de forma obsessiva, jovens perdidas em um moinho em ruínas e uma garota com deficiência que tenta matar seu gato, ficam sabendo que Irimiás, um homem a quem atribuem poderes sobrenaturais e que acreditavam estar morto, está a caminho da aldeia, acompanhado por seu parceiro, Petrina.

Para aguardá-los, os moradores se reúnem em uma taverna, que se assemelha a um porão no fim do mundo, onde discutem, bebem e dançam de maneira grotesca ao som de um acordeão.

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