Arte parada no ar | Antonio Carlos Domingues

23 de junho de 2020

Arte parada no ar | Antonio Carlos Domingues

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Antonio Carlos Domingues

O coronavírus me alcançou no desenvolvimento de dois projetos, ambos viabilizados com a Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Curitiba. Um deles foi atingido do meio para o fim, e o outro um pouco antes de começar.
O primeiro projeto é o do episódio piloto de série “Minha nova vida de solteiro”. O filme foi rodado no final de janeiro e tinha previsão de lançamento em maio. Agora devemos lançá-lo, virtualmente, em junho. A dificuldade que a Covid-19 trouxe fica por conta da impossibilidade de viabilizar a produção da primeira temporada. Tínhamos negociações avançadas com players interessados na série, que nesse momento estão suspensas em função da pandemia e da paralização das novas linhas do Fundo Setorial do Audiovisual.
O outro projeto é o do CURTA 8 – Festival Internacional de Cinema Super 8 de Curitiba. A realização estava prevista para o começo outubro, mas já adiamos para novembro ou dezembro, aguardando que as exibições em cinemas estejam liberadas. Enquanto isso vamos realizar, remotamente, a Oficina de Tomada Única, que integra as atividades do festival.

Antonio Carlos Domingues
Jornalista, roteirista e produtor cultural.

 

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Arte parada no ar

Manifesto
Arte parada no ar

s.

O perigo vem pelo ar
O simples respirar é um risco
Estamos em suspenso
Atônitos
Parados

Se antes ofegantes
pelos tempos sombrios da política,
agora interrompemos a inspiração
Nosso ofício
marcado pelo encontro de pessoas
parou

Artistas isolados
Os primeiros a parar
Sem saber quando poderemos voltar

Nossos palcos cobertos de poeira
Refletores no escuro
Exposições com quadros no chão
Músicos sem plateia
Picadeiros sem graça
Sapatilhas guardadas 
Livros inéditos
Câmeras desligadas

Registramos nosso momento em imagens e textos.
Criamos, sim, dentro dos limites deste novo normal
que ainda não imaginamos
nem nas distopias mais futuristas

Um rascunho
Um ensaio aberto
Um improviso

Um respiro
mediado por telas digitais
e máscaras

Arte parada no Ar
Um retrato
e um desabafo
de criadores que resistem

Arte parada no ar é um manifesto em construção.
Nossa inspiração vem do texto “Um grito parado no ar”, de Gianfrancesco Guarnieri. A peça estreou em 1973 em Curitiba, com direção de Fernando Peixoto. A obra driblou a vigilância da ditadura de então ao usar de uma linguagem metafórica para discutir os problemas sociais. O drama fala sobre as dificuldades de se fazer arte em um tempo de repressão.

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