Dois perdidos numa noite suja
O sábado ainda vai chegar
Sexta-feira, dia 13 de março fizemos uma apresentação linda. Abraçamos o público. Camarim. Cansaço. Alegria. Arrumamos as coisas para a sessão do sábado. E o sábado não chegou. Teatros fechados. E desde aquele dia está lá o nosso cenário montado, as luzes afinadas, os figurinos nos camarins. Isolados, como nós, atores, equipe, plateia. Nossas coisas estão lá e, de alguma forma, são a nossa permanência silenciosa marcando a nossa presença. O sábado ainda vai chegar.
Silvia Monteiro
Diretora do espetáculo “Dois Perdidos Numa Noite Suja” interrompido pela pandemia em Curitiba.
Texto: Plínio Marcos
Direção: Silvia Monteiro
Elenco: William Barbier
Wenry Bueno
Iluminação:Clever d’ Freitas
Sonoplastia:Ilton Correia
Cenografia:Guenia Lemos
Diretora de Produção:Edy Nascimento
Produção executiva: William Barbier
Operador de Luz: Nathan Balaguer
Cenotécnico:Vilson kurz
Arte Gráfica: Cris Wolski
Estagiários: Mariana Venâncio, Marcella Perbiche
Realização: BN Produções
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Arte parada no ar
Manifesto
Arte parada no ar
O perigo vem pelo ar
O simples respirar é um risco
Estamos em suspenso
Atônitos
Parados
Se antes ofegantes
pelos tempos sombrios da política,
agora interrompemos a inspiração
Nosso ofício
marcado pelo encontro de pessoas
parou
Artistas isolados
Os primeiros a parar
Sem saber quando poderemos voltar
Nossos palcos cobertos de poeira
Refletores no escuro
Exposições com quadros no chão
Músicos sem plateia
Picadeiros sem graça
Sapatilhas guardadas
Livros inéditos
Câmeras desligadas
Registramos nosso momento em imagens e textos.
Criamos, sim, dentro dos limites deste novo normal
que ainda não imaginamos
nem nas distopias mais futuristas
Um rascunho
Um ensaio aberto
Um improviso
Um respiro
mediado por telas digitais
e máscaras
Arte parada no Ar
Um retrato
e um desabafo
de criadores que resistem
Arte parada no ar é um manifesto em construção.
Nossa inspiração vem do texto “Um grito parado no ar”, de Gianfrancesco Guarnieri. A peça estreou em 1973 em Curitiba, com direção de Fernando Peixoto. A obra driblou a vigilância da ditadura de então ao usar de uma linguagem metafórica para discutir os problemas sociais. O drama fala sobre as dificuldades de se fazer arte em um tempo de repressão.